
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define os agrotóxicos como toda substâncias química aplicada na agricultura com o objetivo de controlar pragas que causam danos às plantações, tais como: os insetos, os fungos, as ervas daninhas entre outras pragas agrícolas.
São sinônimos de agrotóxicos: defensivos agrícolas, agroquímicos e pesticidas.
Em 1874 o químico austríaco Othomar Zeidler (1850-1911) sintetizou o DDT (diclorodifeniltricloroetano) e em 1939 o químico suíço Paul Hermann Müller (1899 -1965) descobriu suas propriedades inseticidas e, por essa descoberta, ele ganhou o prêmio Nobel de Fisiologia em 1948.
Os pesticidas agem no sistema nervoso do inseto causando nele convulsão, paralisia e morte.
Os agrotóxicos foram criados durante a Primeira Guerra Mundial (1914 -1918) e foram utilizados principalmente como arma química na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Em 1941 os ingleses usaram o DDT na região da Birmânia para combater a malária. Esse pioneiro pesticida é
amplamente utilizado para combater os mosquitos que são os vetores da malária e da dengue.
As inovações na agricultura começaram na década de 1930 com o engenheiro agrônomo estadunidense Norman Borlaug (1914-2009) que desenvolveu sementes de trigo resistentes às pragas e doenças, ele empenhou-se no combate à fome e ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1970.
Ao final da Segunda Guerra Mundial os agrotóxicos começaram a ser utilizados como defensivos agrícolas para combater ervas daninhas, insetos, fungos e bactérias.
Nesse período a Europa sofria com a falta de alimentos e surge a Revolução Verde (1960-1970) com o objetivo de desenvolver a agricultura e acabar com a fome que surgiu no pós-guerra.
A expressão Revolução Verde foi criada por William Gown, na conferência que ocorreu na cidade de Washington/EUA em 1966, ela refere-se ao conjunto de mudanças técnicas na produção agropecuária utilizando-se de sementes geneticamente modificadas, fertilizantes e agrotóxicos potentes.
Empresários do setor dos defensivos agrícolas investiram na Revolução Verde para ampliar seus lucros.
A Revolução Verde trouxe grandes melhoras na agricultura e
pecuária, mas gerou severa dependência tecnológica dos países em desenvolvimento para com os países desenvolvidos.
No Brasil, o incentivo ao desenvolvimento da agricultura teve início na metade da década de 60 e muito beneficiou a indústria do agrotóxico, pois o governo brasileiro atrelou a liberação do financiamento bancário para comprar semente à aquisição obrigatória de adubo e agrotóxico.
O Brasil é um dos cinco maiores consumidores de agrotóxicos, diversas empresas europeias produtores de pesticidas se instalaram no Brasil na década de 1970.
Quando os pesticidas são utilizados de acordo com a dose recomendada e com a orientação de engenheiros agrônomos, ocorrerá eficaz controle de pragas agrícolas, garantindo o aumento da produtividade e gerando grande potencial econômico.
Ressalta-se que os preços dos produtos cultivados com agrotóxicos são mais baratos do que produtos orgânicos que não utilizam pesticidas.
Os agrotóxicos causam severos danos ao meio ambiente: contaminação do solo e dos recursos hídricos; intoxicação de diversas espécies de animais causando-lhes danos permanentes e morte.
Alguns agrotóxicos se incorporam às cadeias alimentares e
permanecem nelas por muito tempo, gerando enorme impacto ambiental.
O uso abusivo dos defensivos agrícolas está matando cada vez mais as abelhas. Elas são responsáveis pela polinização das plantas e 85% de todos os alimentos consumidos pelos seres humanos vêm de plantas polinizadas.
Diversos estudos científicos alertam que as abelhas estarão extintas em 2035 e, como consequência desse severo impacto ambiental, haverá um colapso alimentício mundial que certamente colocará em risco a sobrevivência da espécie humana.
Alimentos impregnados com os agroquímicos, pesticidas inalados ou em contato com a pele causam muitos danos à saúde do ser humano, tais como: câncer; alteração no funcionamento das glândulas e músculos; lesões nos rins; doenças hepáticas e neurológicas; fibrose pulmonar; alergias; crises de asma; bronquites em crianças.
Nem todos os elementos químicos presentes nos pesticidas o organismo humano consegue excretar e eles se acumulam no corpo ao longo dos anos, essa acumulação tem efeitos tóxicos gravíssimos, as consequências dessa acumulação para a saúde ainda são desconhecidas da Ciência.
O descarte incorreto, a reutilização das embalagens dos defensivos agrícolas e a falta de equipamentos de segurança durante a aplicação deles nas plantações,
causam ainda mais danos à saúde dos agricultores e ao meio ambiente.
A cada caso de intoxicação por pesticida, notificado às autoridades sanitárias, pelo menos outros 50 não são notificados!
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre os países em desenvolvimento, os agrotóxicos causam, anualmente, 70.000 intoxicações agudas e crônicas.
O Brasil se tornou o maior produtor de soja transgênica do mundo graças ao uso de mais de 185 mil toneladas do herbicida glifosato nas plantações desse grão.
O glifosato foi descoberto pela Monsanto em 1979, ele é um herbicida não seletivo, que mata a maioria dos vegetais, o seu uso na agricultura está associado às culturas geneticamente modificadas porque elas resistem ao princípio ativo dele.
Pesquisadores de Princeton, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) constataram que o glifosato aplicado no cultivo de soja contamina rios e afeta nascimentos – nas regiões brasileiras produtoras de soja ocorreu uma alta de 5% na mortalidade infantil, cerca de 503 óbitos.
Conforme dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) estes são os agrotóxicos mais utilizados no Brasil: o glifosato; o 2,4-D; o
mancozebe; e a atrazina (proibido na União Europeia).
A ONG Pesticide Action Network analisou testes feitos em 770 frutas, legumes e grãos vendidos pelo Brasil à Europa em 2018; 97 deles tinham agrotóxicos proibidos na União Europeia.
Para minimizar o uso dos pesticidas agrícolas, diversas ações são viáveis: incentivar a produção de alimentos orgânicos; criação de leis ambientais rígidas; investimento em modelos agrícolas compatíveis com a biodiversidade; uso de biopesticidas e feromônios; investimento prioritário em Educação Ambiental, Ciência e Biotecnologia; votar em políticos comprometidos com a preservação dos ecossistemas e, quando eleitos, cobrar implacavelmente deles as promessas feitas durante a campanha eleitoral.
Sobre os Autores
Nelson Pascarelli Filho é consultor, científico-educacional e escritor.
Adriel de Sousa Oliveira participa do projeto Jovens Pesquisadores Idealizado pelo Professor Pascarelli.
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