Que moda é essa? Coluna de Claudia Lundgren fala sobre TDAH

Imagem: CanvaPro
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Será mesmo que TDAH é apenas mais uma moda? Nesta coluna reflexiva da autora Claudia Lundgren, passamos a entender melhor sobre o transtorno.

Ele foi dormir e esqueceu o portão da casa aberta com a chave do lado de fora; se matriculou em duas faculdades, mas não permaneceu em nenhuma: não conseguiu se organizar no formato ead, esquecendo o dia das avaliações; saiu para trabalhar e deixou a panela elétrica ligada.

Estes são apenas alguns dos exemplos daquilo que vivencio na pele, com meu filho de 21 anos; e ainda tem gente que diz que o TDAH é modinha, e que todo mundo hoje em dia tem. Não é moda correr o risco de ter a casa assaltada, de ser sequestrado ou morto por esquecer a chave no portão; não é moda, não é intencional, não é simplesmente uma distração pôr sua casa em risco de incêndio por esquecer a panela ligada.

É claro que, se distrair de vez em quando, é normal; procrastinar às vezes, também; ficar uma noite toda nos jogos on-line, beleza. Mas, preste atenção na constância; fique atento se estas situações estão causando prejuízos, tanto pessoais, quanto familiares e profissionais.

É modinha necessitar de terapia, de psiquiatra e de medicamentos?

Muitos já me questionaram se meu filho tem mesmo TDAH, afinal, ele é somente esquecido. As pessoas hoje em dia querem saber mais do que aquele médico ou psicólogo, que estudou anos a fio, a fim de poder entregar com responsabilidade um laudo ou um relatório. Não necessariamente a pessoa tem que ter hiperatividade para ser diagnosticada com este transtorno (meu filho, por exemplo, era bem agitado somente quando criança). De fato, há o tipo predominantemente hiperativo, mas também temos outros dois: o predominantemente distraído, e o tipo combinado, que, segundo o próprio nome diz, combina hiperatividade com distração.

Uma outra importante informação é que, assim como o Transtorno do Espectro Autista, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade consiste em um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, o cérebro se desenvolveu de uma forma diferente; é um cérebro atípico.

Dia 13 de julho foi o Dia da Conscientização do TDAH, mas todo o dia é dia de falar sobre o transtorno, de estudá-lo e principalmente, de conhecê-lo. Se você desconfia que seu filho tem esse transtorno, não ouça os ‘pitacos’ do seu vizinho que o julga ser uma moda; procure um neurologista ou psiquiatra infantil. Lembrando que não há nenhum exame físico que constate o TDAH; assim como no TEA, o diagnóstico é baseado em questionários, entrevistas e observação do comportamento. Quanto mais cedo o tratamento começar, menos prejuízos o paciente terá.

Foto: Claudia Lundgren
Foto: Claudia Lundgren

Claudia Lundgren tem 53 anos e é natural de Teresópolis (RJ).
É poetisa, escritora e Educadora Infantil. Recebeu diversas premiações, participou de dezenas de antologias, e é autora de três livros solo: ‘Alma de Poeta’, ‘Simplesmente Poemas’ e ‘Uma estação chamada inverno: retrato de uma época – Registros pandêmicos e melancólicos’.

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