O desastre do rompimento da barragem em Mariana

Criador: Rogério Alves/TV Senado | Crédito: Rogério Alves/TV Senado
Criador: Rogério Alves/TV Senado | Crédito: Rogério Alves/TV Senado

Artigo de Nelson Pascarelli Filho e Gustavo de Sousa Oliveira

Na tarde de cinco de novembro de 2015 ocorreu um dos maiores acidentes mundiais com barragens no subdistrito de Bento Rodrigues localizado a 35 quilômetros do centro do município brasileiro de Mariana no Estado de Minas Gerais (MG).

A barragem denominada “fundão” rompeu-se causando imenso impacto ambiental, certamente o maior já registrado na história brasileira.

A lama tóxica dos rejeitos da barragem atingiu o rio Doce que abastece 230 municípios de Minas Gerais (MG) e o Espírito Santo (ES) com suas águas. Muitos habitantes ficaram sem água e os rejeitos afetaram também a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves a 100 quilômetros de Mariana (MG). Os rejeitos são formados da barragem por óxido de ferro, água e lama.

Cerca de 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos atingiram o rio Gualaxo do Norte, em Mariana (MG), um dos afluentes do rio Doce; a lama venenosa também atingiu o Estado do Espírito Santo (ES), desaguando na foz do Doce, em Regência, no município de Linhares. Dezenove pessoas morreram e os impactos ambientais ficaram ao longo dos 670 quilômetros do percurso por onde a maré de lama tóxica passou.

A força dos rejeitos da barragem de “fundão” arrancou a mata ciliar dos rios e casou neles o assoreamento, mudanças nos seus cursos, a diminuição da profundidade e soterramento das nascentes.  .

A lama que atingiu as regiões próximas à barragem pavimentou o solo impedindo o desenvolvimento de muitas espécies vegetais, pois essa pavimentação é pobre em matéria orgânica e alterou nocivamente o equilíbrio químico do solo tornando-o infértil.

Quase seis anos após o acidente, os vestígios dos rejeitos ainda estão presentes impactando financeiramente os pescadores e os moradores que dependiam do rio.

Desde o rompimento da barragem, por decisão judicial, a pesca no rio Doce, na porção capixaba (ES) está proibida, famílias que viviam da pesca, e do comercio de pescado, agora sobrevivem de auxilio financeiro público e da Samarco para sobreviver.

O impacto na vida dos moradores das regiões afetadas não é somente financeiro, abalou-se também saúde mental deles – estresse pós-traumático, depressão e ansiedade são consequências psíquicas da tragédia.

A empresa brasileira Vale S.A e a Samarco são as principais responsáveis pelo acidente, pois cabe a elas a manutenção periódica da barragem.

A Samarco Mineração S.A. é uma mineradora brasileira fundada em 1977 e controlada através de uma joint-venture entre a Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) constatou que esse desastre ambiental colocou em risco de extinção 11 espécies de peixes das 80 existentes no rio Doce.

Diversas ações para recuperação e preservação da flora local já foram executadas e continuam em andamento, como flora ao redor do rio Doce e quarenta mil hectares de vegetação, esta recuperação melhorará qualidade da água do rio.

As empresas tiveram que arcar com todos os custos da reconstrução da cidade, do meio ambiente e restituir aos moradores os bens que perderam.

As punições aplicadas à mineradora totalizam R$ 23,2 bilhões somente para a recuperação do rio Doce e este valor não é definitivo porque os desdobramentos dos danos ambientais são diversos.

O desastre ambiental em Mariana/MG é um crime sem castigo, pois nenhum gestor da Vale S.A e da Samarco foi legalmente punido – o processo está parado.

Sobre os autores

Nelson Pascarelli Filho

Consultor Científico Educacional, palestrante e escritor. Autor e coordenador do projeto jovens pesquisadores.

Gustavo de Sousa Oliveira

Estudante secundarista do ensino técnico, participante do projeto jovens pesquisadores.

Para Saber Mais

Livros:

Ecologia

Eugene P. Odum. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

Educando para Preservação da Vida

Nelson Pascarelli Filho. Rio de Janeiro: Wak, 2011.

Tragédia em Mariana: A história do maior desastre ambiental do Brasil.

Cristina Serra. Rio de Janeiro: Record, 2018.

Esse artigo é de opinião e não condiz necessariamente com a opinião do Jornal Atípico.

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