
Especialistas alertam para o aumento da automutilação e do suicídio entre adolescentes e reforçam a urgência da educação socioemocional desde a infância.
Pela primeira vez na história, os índices de ansiedade entre crianças e jovens superaram os de adultos. A realidade, que assusta famílias, escolas e profissionais da saúde, está diretamente ligada ao aumento de casos de automutilação e ao crescimento alarmante do suicídio na faixa etária de 15 a 29 anos — hoje, a quarta causa de morte entre jovens no Brasil.
No mês em que a sociedade se mobiliza para falar sobre prevenção ao suicídio, especialistas reforçam: o problema vai além do diagnóstico clínico. “Há uma carência de relações afetuosas, de tempo junto às famílias, de brincar, de ouvir histórias, cozinhar, cantar e dançar em conjunto. Estamos diante de uma enorme lacuna entre o que vemos nas telas e o que vivemos em nossos lares”, afirma a filósofa e educadora Paty Fonte, pesquisadora das emoções e das infâncias.
Bullying e a dor invisível
Entre os fatores que intensificam o sofrimento psíquico está o bullying, prática de violência intencional, repetida e sistemática que afeta a saúde física, emocional e social de crianças e adolescentes.
“Bullying não é brincadeira. Ele causa depressão, ansiedade, baixa autoestima e, em casos graves, pode levar a pensamentos suicidas”, alerta Paty Fonte, coautora dos e-books 7 Práticas Fundamentais de Prevenção ao Bullying e Bullying é F! Desde 2024, o bullying e o cyberbullying passaram a ser considerados crimes no Brasil, com previsão de pena de prisão e multa, o que demonstra a gravidade do fenômeno.
Educação socioemocional como prevenção
Diante desse cenário, especialistas defendem que a prevenção começa cedo, com a educação socioemocional. “Pesquisas neurocientíficas mostram que o programa emocional do indivíduo começa a ser formado ainda no útero e se estrutura até os sete anos de idade. Educar emocionalmente desde a infância é o maior presente que podemos oferecer às crianças”, explica Paty Fonte.
Desenvolver as chamadas habilidades socioemocionais – como empatia, resiliência, autocontrole, perseverança e otimismo – é fundamental para que crianças e jovens aprendam a lidar com as próprias emoções, desenvolvam vínculos saudáveis e encontrem caminhos mais equilibrados diante das adversidades.
O papel da família e da escola
A escola e a família são pilares nessa jornada. Cabe às instituições educacionais criar ambientes acolhedores e promover práticas de convivência respeitosa. Já a família, segundo Paty Fonte, precisa resgatar o diálogo, o tempo de qualidade e os gestos simples que nutrem a confiança e o pertencimento.
“Não existe receita pronta. O que precisamos é encarar os fatos, refletir e nos engajar. Educar emocionalmente implica resgatar valores, solidariedade, respeito e responsabilidade”, destaca a educadora.
Um chamado à ação
O Setembro Amarelo é um convite para olhar para as dores invisíveis e romper o silêncio que tantas vezes agrava o sofrimento. “Somente quando os adultos mergulham no processo de autoconhecimento podem orientar assertivamente crianças e jovens. A pergunta que fica é: em que nível de desenvolvimento está o seu empenho pela sua saúde emocional?”, provoca Paty Fonte
Um convite à reflexão
O Setembro Amarelo é mais do que uma campanha: é um chamado à escuta, ao acolhimento e à construção de relações mais humanas. Para aprofundar essa reflexão sobre infância, juventude e saúde emocional, a educadora Paty Fonte participa de um programa especial disponível no YouTube.
🎥 Assista aqui: “Programa sobre Bullying e Saúde Emocional”

Paty Fonte – Pedagoga, Consultora Educacional, Filósofa e Palestrante. Especialista em Pedagogia de Projetos, Pedagogia das Infâncias e Pedagogia do Brincar. Paty também é pós-graduada em Alfabetização e Letramento. Pesquisadora das Competências e Habilidades Socioemocionais na Escola. Mais de 30 anos de experiência na área de Educação. Roteirista e Apresentadora do ‘PodBrincar’. Roteirista Teatral. Escritora com vários livros publicados, dentre eles ‘Competências Socioemocionais na Escola’ e ‘Práticas Socioemocionais para Dinamizar o Ambiente Escolar’ – ambos publicados pela WAK Editora.
Contatos: IG: @professorapatyfonte
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