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Maissa foi o nome fictício utilizado para representar a criança refugiada que ilustra o artigo ‘Quando crianças refugiadas interrogam a inclusão, a escola e a formação docente’ (Oliveira, J. B.;Ferreira, C. M. R. J.; Diniz, M., 2024). O explícito sentimento da criança ao afirmar não gostar das aulas de História e Geografia da escola por falar mal da Síria e da Guerra já demonstra um despreparo pedagógico diante da aluna refugiada. Antes de ser uma criança refugiada, era criança e aluna. O bullying por parte dos colegas e o apelido de menina-bomba também reforça estereótipos que deveriam ser desmistificados dentro de sala de aula. O rendimento excelente de Maissa, como disse a coordenadora, é um sinônimo de resistência. Resistência que não se cumpria com facilidade devido a dificuldade de compreensão de sua língua nativa. 

Os professores não estão preparados para receber crianças refugiadas
e, portanto, tornam-se um grande problema na sala de aula, pois há outros tantos casos relacionados ao
suicídio, à mutilação, à depressão, à apatia e ao desinteresse das crianças e de suas famílias. A escola faz
o  que  pode,  mas  se  sente  desamparada

A necessidade de uma educação libertária e pedagogicamente decolonial parte do princípio da consequência do processo de colonização enfatizado pelas autoras. A extrema pobreza e os atrasos na Educação mantém a colonialidade do poder e das leis. Conforme Lander (2000, p. 22), “A burocracia, o calendário,  o  ‘dever-ser’  é  imposto,  bem  como  a  norma,  a  regra generalista  de  que  é  feito  assim  para todos, então faremos assim para a criança refugiada também”. Colocar a todos como se fossem iguais é o que faz da educação menos do que ela realmente vale. A Escola de Maissa e seu corpo docente não a escuta, não a vê com olhos além de estigmas e preconceitos. Sem o direito de apoio multidisciplinar e acesso ao curso do idioma de sua nova localidade, essa criança está carente de abrigo, mesmo parecendo tê-lo.

Por isso a ávida necessidade de uma pedagogia piagetiana às crianças refugiadas, onde a experiência individual é legitimada, deve ser pensada nas escolas, ressignificando o ultrapassado cuspir de giz. O acolhimento desejado pelas autoras às crianças refugiadas segue caminhando em passos lentos, tentando reconstruir o irreparável. 

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