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A recente megaoperação policial no Rio de Janeiro que deixou mais de 120 mortos, segundo dados da Polícia Civil, reacendeu o debate sobre os efeitos psicológicos da violência urbana. O estado fluminense tem as maiores taxas de letalidade policial do país, com mais de 1.300 mortes registradas em 2024, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP). Mas, para além dos números, o impacto mais silencioso e talvez mais duradouro está na mente da população.

Pesquisas da Fiocruz e da UFRJ apontam que moradores de áreas conflagradas têm até três vezes mais chances de desenvolver ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Esse cenário revela um quadro de sofrimento psíquico coletivo, marcado pela naturalização da violência, sensação de impotência e dessensibilização emocional, fenômeno em que a repetição de situações traumáticas leva à perda gradual da empatia e da capacidade de se afetar.

De acordo com Nicollas Rosa de Souza, neuropsicólogo e fundador da BRAPSI, plataforma digital dedicada à educação em psicologia e saúde mental, o que acontece no Rio não é apenas um problema de segurança, mas de saúde mental coletiva.

“A população fluminense vive há décadas sob um estado de alerta permanente — e isso corrói lentamente as estruturas cognitivas e emocionais da vida cotidiana. A violência é também uma mensagem simbólica de medo e impotência que se inscreve no corpo e no comportamento das pessoas”, afirma.
Especialista Nicollas Rosa de Souza/Reprodução

Segundo o especialista, essa crise de saúde mental também alcança os próprios agentes de segurança. Fatores como a pressão operacional e a falta de suporte emocional institucional criam um ciclo de adoecimento que reforça o quadro de sofrimento coletivo e afeta diretamente o modo como os policiais se relacionam com a sociedade. A BRAPSI vem ampliando o debate sobre Psicologia, Violência e Sociedade, promovendo discussões sobre os impactos cognitivos e emocionais de viver sob constante ameaça. A instituição defende que compreender o que a violência faz com a mente é essencial para qualquer política pública que busque reconstruir vínculos comunitários e reduzir a alienação social.

Além de analisar os efeitos psicológicos da violência, Nicollas Rosa propõe discutir o tema sob uma ótica neuropsicológica e social, abordando como o medo crônico altera o funcionamento cerebral, influencia a percepção da realidade e enfraquece laços de confiança entre cidadãos e instituições.

“Quando a sociedade começa a normalizar o absurdo, entramos em um processo de dessensibilização que impacta a empatia, a confiança e o senso de humanidade. A Psicologia precisa ocupar esse debate: entender o que a violência faz com a mente é essencial para qualquer projeto de reconstrução social e para compreender o real impacto de operações e repercussões como a que tivemos nesta semana”, conclui.

Sobre a BRAPSI

A BRAPSI é uma startup de educação em psicologia fundada em 2021, com sede em Belford Roxo (RJ) e atuação em todo o Brasil por meio de plataformas digitais. A empresa conta com cursos, eventos, palestras e congressos que busca oferecer mais possibilidades de capacitações em psicologia por meios digitais e presenciais. Para mais informações, acesse: https://brapsi.com.br

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