
A desinformação afeta a sociedade na raiz dela. Essa foi a frase marcante da professora Cristina Rego Monteiro da Luz que definiu o evento Vozes pelo Clima, apresentado no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, uma parceria do Programa de pós-graduação em Mídias Criativas da UFRJ (PPGMC) e a embaixada da Alemanha no Brasil. O encontro discutiu os desafios de combater à desinformação climática. Professores, políticos e defensores da pauta ambiental debateram sobre como a desinformação afeta diferentes áreas da sociedade.
O evento reuniu das 9h às 18h especialistas da área ambiental, comunicadores, acadêmicos, representantes da política e da sociedade civil dos dois países para discutir desafios e ações de combate à desinformação relacionada à crise climática. A programação da manhã contou com painéis de debate, enquanto na parte da tarde, grupos de trabalho e oficinas aprofundaram alguns dos temas discutidos, com formatos voltados para a troca direta entre os especialistas e o público presente.
O primeiro grupo de trabalho, “Como fazer ecoar as vozes pelo clima: desafios e ferramentas da divulgação científica”, foi conduzido pela bióloga especialista em ecossistemas Mercedes Bustamante (UnB) e pela jornalista científica Meghie Rodrigues, do Podcast Ciência Suja.
Já a oficina “Como as juventudes estão enfrentando a desinformação e construindo novos caminhos para uma comunicação mais ética e transformadora?” foi conduzida pela ativista climática Amanda Costa (Instituto Perifa Sustentável).
A proposta do terceiro grupo foi “Clima sob checagem: ferramentas contra a desinformação” e foi conduzida por Fernanda da Escóssia, editora de SUMAÚMA Jornalismo, e por Raphael Kapa, coordenador de educação da Agência Lupa.
A última oficina, “Comunicação Indígena e Tecnologias para a Consciência Climática”, foi conduzida por Erisvan Guajajara, cineasta, fundador da Mídia Indígena e ativista da etnia Guajajara, e Katia Maciel, diretora audiovisual e pesquisadora do PPGMC ECO-UFRJ.
“A ideia é que nós precisamos trabalhar a consciência em relação às narrativas que são impostas que acabam determinando politicamente o que acontece em nossa volta”, declara a professora Cristina Rego Monteiro da Luz em conversa com a jornalista Letícia Mariana.


A nossa jornalista Jéssica Gonçalves conversou com o Erisvan Guajajara sobre como as mudanças climáticas afetam os territórios indígenas.
“Para esse evento, é um ato de resistência para provar nossa existência. Com as mudanças climáticas nos territórios indígenas, a gente não sabe qual é o tempo das frutas, das mangas. Tem prejudicado muito os territórios indígenas, pois a gente não sabe qual é o tempo certo de plantar e de colher. Então as pessoas fazem o trabalho de reflorestar. Nós, os povos indígenas, estamos reflorestando os territórios. É tempo de reflorestar para curar. A Terra grita por socorro e há tempo de curar. Trabalhar nos territórios indígenas é pensar no futuro. Plantar ao invés de derrubar é a saída. Dialogar e somar com os demais, com as lideranças e os ativistas não-indígenas pra gente poder reflorestar o território, reflorestar o Brasil pra que possamos juntos salvar esse planeta”
Erisvan Guajajara também falou sobre o combate à desinformação nas eleições e a importância da comunicação.

Infelizmente, às vezes, informações climáticas não são acessíveis para todas as pessoas, mas existem sites, ferramentas que fazem com que essas informações fiquem mais acessíveis para as outras pessoas. Nem todo mundo tem tempo para estudar, mas já existem sites que fazem esse trabalho.
Timon Lepold
O evento fez parte da série “Climate Talks”, uma iniciativa da Embaixada da Alemanha em preparação para a COP30, e é organizado em parceria com o DAAD, o Centro Alemão de Ciência e Inovação – DWIH São Paulo, o Consulado Geral da Alemanha no Rio de Janeiro.
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