
O brincar é a respiração da infância. É através dele que a criança experimenta o mundo, traduz suas angústias, reinventa a realidade e encontra abrigo para aquilo que ainda não sabe dizer em palavras. Brincar é mais que um passatempo: é linguagem, é sobrevivência, é um direito inegociável.
No entanto, esse gesto tão simples vem sendo silenciado. Quando chegam ao Ensino Fundamental, muitas crianças são pressionadas a abandonar a ludicidade em nome da “seriedade” das lições e da urgência das notas. É como se a escola dissesse: agora é hora de crescer, e crescer significa brincar menos. Mas o que estamos matando quando pedimos à criança que se torne adulta antes do tempo?

A infância precisa brincar para aprender
A neurociência, a psicologia e a pedagogia já comprovaram: brincar fortalece conexões cerebrais, amplia repertórios sociais e dá segurança emocional. É também o espaço onde a criança ensaia papéis, resolve conflitos, expressa medos e desejos. Brincar é um laboratório da vida.
As telas, cada vez mais presentes no cotidiano, oferecem estímulos, mas não substituem a presença de outra criança ou de um adulto que escuta, acolhe e interage. Brincar exige corpo, olhar, toque, tempo. Brincar é experiência viva!
Brincar é simbólico, é político
Por trás de uma cabana de lençóis ou de um faz de conta com bonecas, a criança ensaia narrativas de poder, cria mundos, desafia limites. Brincar é a infância gritando: eu existo, eu penso, eu sinto!
E quando a escola retira esse espaço, ela não apenas nega um direito, mas enfraquece a própria potência da aprendizagem.

O brincar em diálogo
É nessa direção que nasceu o ‘PodBrincar’, vídeo e podcast que coloca a ludicidade no centro da conversa sobre educação. A cada episódio, professores, escritores e pesquisadores discutem o brincar como força transformadora.
No primeiro episódio do programa, Neurociência e o brincar, por exemplo, a especialista Marta Relvas mostra como essa atividade molda o cérebro e fortalece vínculos emocionais. Outros episódios exploram temas como avaliação, alfabetização e bem-estar, sempre com o brincar como fio condutor.
🔗 Você pode assistir aqui: PodBrincar no YouTube
Brincar é um direito inalienável
Mais que um recurso pedagógico, brincar é resistência. É afirmar que a infância não pode ser roubada. Que a aprendizagem precisa de alegria, afeto e imaginação. Que a criança tem o direito de se tornar autora de sua própria cultura.
Brincar é o gesto mais sério da infância. E talvez seja também o caminho mais bonito para que nós, adultos, aprendamos a reaprender.

Paty Fonte – Pedagoga, Consultora Educacional, Filósofa e Palestrante. Especialista em Pedagogia de Projetos, Pedagogia das Infâncias e Pedagogia do Brincar. Paty também é pós-graduada em Alfabetização e Letramento. Pesquisadora das Competências e Habilidades Socioemocionais na Escola. Mais de 30 anos de experiência na área de Educação. Roteirista e Apresentadora do ‘PodBrincar’. Roteirista Teatral. Escritora com vários livros publicados, dentre eles ‘Competências Socioemocionais na Escola’ e ‘Práticas Socioemocionais para Dinamizar o Ambiente Escolar’ – ambos publicados pela WAK Editora.
Contatos: IG: @professorapatyfonte
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