Segundo mestre mais novo do Brasil conta sua história com dependência química

Foto: Daniel Santana Rocha
Foto: Daniel Santana Rocha

A adicção é uma doença progressiva, incurável e de término fatal. As pessoas que sofrem de dependência química e que participam dos programas de recuperação dos Narcóticos Anônimos e Alcoólicos Anônimos seguem o texto básico, livro que explica como funciona o programa de 12 passos e que contém histórias de adictos em recuperação.

Não podemos modificar a natureza do adicto ou da adicção. Podemos ajudar a modificar a velha mentira, que “uma vez um drogado, sempre um drogado”, esforçando-nos para tornar a recuperação cada vez mais acessível. Deus, ajude-nos a lembrar desta diferença.
Livro do NA. Autor desconhecido.

Daniel Santana Rocha. mestre em matemática pura e graduado em matemática aplicada e computação científica, conversou com o Jornal Atípico sobre a sua história com a dependência química. Daniel foi o segundo mestre mais novo do Brasil, formado aos 16 anos no mestrado. “Eu comecei a usar drogas com dez anos de idade roubando comprimidos de rivotril da minha avó e nunca mais parei”, relata.

“Durante a minha adicção ativa, me encontrei diversas vezes no chão de casa, sofrendo de fortes dores estomacais causadas pelo uso de drogas e pedindo a Deus que desse fim a insanidade.”

Daniel começou a beber com 15 anos de idade. “Escondia a garrafa de cachaça pela casa dos meus pais. Eu experimentei cocaína e maconha pela primeira vez em 2019 com 22 anos de idade, fui internado em 2021, passei duas semanas internado em um hospital psiquiátrico após ter passado mais de um mês sob efeitos de entorpecentes continuamente.”

“A adicção não é uma questão de força de vontade ou fraqueza mental, é uma doença real, reconhecida pela OMS, provavelmente uma das doenças mentais mais bem estudadas pela comunidade médica. No programa de 12 passos, aprendemos que a rendição perante a nossa doença é o primeiro passo para nos recuperarmos.”

Foto: Daniel Santana Rocha
Foto: Daniel Santana Rocha

Em 2020 coloquei fogo na minha própria mão sob efeito de álcool e rivotril. Quase fui hospitalizado. Após minha internação no hospital psiquiátrico, passei a frequentar grupos de Narcóticos Anônimos.

A doença da adicção ultrapassa todas as fronteiras sociais e econômicas. Daniel conta que assistiu diversos amigos serem hospitalizados e morrerem da terrível doença da adicção. Ele finaliza dizendo que não são culpados pela doença, mas são responsáveis pela recuperação. “Durante os meus anos de adicção ativa, ainda percebo um grande preconceito da sociedade em relação aos portadores dessa doença. Não podemos isentar de responsabilidade adictos por suas ações, porém as técnicas convencionais de repressão e punição aplicadas pelo Estado e por muitas famílias não são efetivas para causar uma mudança de comportamento real. Adicção não escolhe classe, nem cor e nem credo, porém grupos minoritários que vivem situações de risco são mais vulneráveis devido a maior facilidade de obter as substâncias e do descaso das autoridades estatais em relação a essa situação de risco.”

A doença não é sobre o que você usa ou quanto você usa, é sobre o sentimento de escravidão em relação às substâncias. Nos programas de Alcoólicos e Narcóticos anônimos aprendemos que adicção é uma doença e que o uso de substâncias que alteram o humor é apenas mais um sintoma. Uma é demais e mil não bastam.

Se você acredita que tem problemas com drogas e álcool, os programas de Alcoólicos e Narcóticos Anônimos podem te ajudar:

Site dos Alcoólicos Anônimos

Site dos Narcóticos Anônimos

O único requisito para participar dos grupos de recuperação é o desejo real de parar de usar, não é necessário parar de usar no primeiro momento ou ir limpo para as reuniões, só é pedido que não leve drogas ou objetos relacionados. Não importa quão fundo é o buraco, o primeiro passo para sair dele é parar de cavar.

1 Comentário

  1. Nunca fui muito de beber, a partir de 2021 devido a pressão no trabalho comecei e beber semanalmente(cerveja, vinho e martini). Fui levando isso até ano passado, diminui bem o ritmo. Perdi meu pai e também descontei na bebida, bebia todo final de semana. Mas teve um dia que bebi tanto vinho e cerveja que esqueci de tudo que fiz na noite. Então dei um basta, hoje no máximo bebo uma vez ao mês(3 taças de vinho e olhe lá), ou um copo de cerveja mas de forma muito moderada. Cheguei a passar 3 meses sem beber nada. É uma luta, tive muito medo de virar viciada, já estava passando essa barreira. Acordei a tempo.
    Tenho 30 anos e hoje estou bem.

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